Nas últimas duas décadas principalmente, os médicos tem cada vez mais se deparado com pacientes que vem ao consultório sem alguma queixa específica. “Vim fazer uma avaliação preventiva” ou um “check-up” como alguns preferem dizer numa cultura com o a nossa já tomada por americanismos.

 

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Com o passar dos anos tanto os médicos como os provedores de recursos de saúde (planos, seguros, laboratórios e hospitais), tiveram que se adequar a essas demandas. É claro que isso ocorreu em alguns níveis/setores de forma mais profissional que em outros.

O fato é que todos, na qualidade de pacientes ou médicos, devem ter algo claro em mente: apesar dos avanços da tecnologia, o valor de uma boa consulta médica ainda não pode foi superado por qualquer exame. Cria-se aí um novo problema. O que é uma boa consulta médica? Ainda mais num contexto de “check-up” onde não existe necessariamente um problema sentido pelo paciente. O paciente vai ao médico que pede exames sem muitas vezes um diálogo direcionado ou a realização de um exame físico básico (o que dirá de um detalhado).

Voltando ao tema do “check-up” propriamente dito, existem exames que fazem bem, no sentido de detectarem problemas em seu início, e antes de gerarem uma repercussão clínica e existem exames que fazem mais mal do que bem dependendo do contexto em que são solicitados. Pedir uma colonoscopia para prevenção secundária de câncer de intestino grosso aos 50 anos é diferente de pedir para alguém aos 80 anos. Os dois podem ter câncer de intestino mas, o paciente de 50 anos tem mais chance de morrer por causa disso, se detectado, enquanto o de 80 anos, ainda que tenha o tumor detectado teria maior chance de morrer com ele, e não dele… Este exame, num octogenário, pode causar desidratação com o preparo gerando complicações renais (entre outras) além de complicações com os achados (caso positivos para câncer) que provavelmente não causariam grandes impactos na vida do paciente, já que a chance maior seria a de que ele morresse de outras causas.

Se um paciente de 80 anos tem uma expectativa de vida superior a 10 anos, ou seja, está gozando de uma boa saúde, uma colonoscopia está bem indicada. Para o mesmo exame, que populacionalmente é indicado a partir dos 50 anos, se um indivíduo teve um parente de primeiro grau que manifestou a doença, o exame pode e deve ser feito em idades mais precoces. Não faz parte de um rastreio populacional pesquisar a deficiência de vitamina D, mas se o paciente tem uma baixa exposição solar (sendo o sol a principal fonte), a sua dosagem está bem indicada. A dosagem de glicemia de jejum que do ponto de vista populacional só é indicada a partir dos 45 anos, ganha importância até mesmo antes disso se estamos diante de um paciente obeso, por exemplo. O mesmo vale para o colesterol que, populacionalmente, só tem sua dosagem indicada a partir dos 35 anos nos homens e 45 anos nas mulheres. Mas uma mulher com menopausa precoce, passa a ter indicação numa faixa etária menor.

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