Como cuidar de idosos? Esta é realmente uma pergunta muito difícil. Encontrar-se no papel de cuidador, sendo encarregado pelo bem estar geral de seu ente querido, traz responsabilidades, incertezas e muitas vezes profunda angústia. Estes sentimentos, na maioria das vezes, recaem sobre o fato de não saber lidar muito bem com o próprio idoso, não conhecer muito bem a evolução das suas doenças e principalmente, sobre o sentimento de impotência frente finitude da vida.
Para começarmos a falar sobre isso, precisamos entender melhor quem são as pessoas que irão necessitar de um cuidador. O conceito nesse sentido é basicamente voltado para a palavra dependência. Seja física ou mental, se uma pessoa tem algum grau de dependência, que leve a necessidade de outra pessoa para ajudá-lo, ela precisará de cuidados.
É comum a comparação de uma pessoa que começa a perder suas capacidades intelectuais, com uma criança. A verdade é que é inadequada a alegação de que um idoso volta a se comportar como uma. Quando olhamos recém-nascidos num berçário, eles são muito parecidos. Ao passar dos anos, as pessoas vão se diferenciando cada vez mais e idosos são um enorme exemplo de individualidade.
Tomemos o exemplo de pessoas com Alzheimer que gostavam de tênis ou de futebol. Frequentemente se obtém calma em meio a uma crise, quando assuntos relacionados a estes tópicos são trazidos à tona e um diálogo se estabelece. Eu mesmo me lembro de resolver conflitos com meu avô, que tinha doença de Alzheimer e me ensinou muito, mesmo como portador deste mal. Em meio a um episódio de agitação, eu dizia: – Vô, você viu que o Guga ganhou o jogo de tênis hoje? – A tensão da crise se dissipava e havia uma abertura para contorná-la com muito mais tranquilidade.
A condição da pessoa que necessita de um cuidador também é muito heterogênea. Um idoso acamado e que já não consegue controlar suas necessidades básicas, demanda um trabalho diferente do idoso que faz tudo, mas às vezes fica confuso e se perde na volta para casa. Tonturas, risco de quedas, uso de bengalas, falta de ar para caminhar, falta de orientação, são exemplos de restrições. Saber como evolui cada doença, dará uma idéia de como se comportar frente a um evento novo. Converse bastante com o médico, informe-se. A arte de cuidar (sim, isso é uma arte) está em saber até que ponto ir. Sem fazer pelo idoso o que ele ainda consegue fazer e com isso preservar ao máximo a funcionalidade que lhe resta. Saber respeitar ao máximo a sua individualidade sem a necessidade de impor algo que vá contra os seus princípios e vontades. Saber se adaptar as necessidades de cada situação e de cada pessoa cuidada.
Como cuidador, não se cobre e nem se puna de forma demasiada. Não é uma tarefa simples. Acima de tudo, cuide-se. Não deixe de frequentar o seu médico e expor seus problemas pessoais e dificuldades. Saiba que se você não estiver bem, não terá condições de cuidar de ninguém e todos perdem. Por fim, procure na medida do possível, transformar o ato de cuidar numa atividade divertida e sorria sempre que puder. Mesmo que tiver que fazer algo desagradável, saiba como fazer uso do sorriso. Sorria sempre.
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